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sábado, 9 de junho de 2018

MANIFESTO AO POVO BRASILEIRO

"Há dois meses estou preso, injustamente, sem ter cometido crime nenhum. Há dois meses estou impedido de percorrer o País que amo, levando a mensagem de esperança num Brasil melhor e mais justo, com oportunidades para todos, como sempre fiz em 45 anos de vida pública. 

Fui privado de conviver diariamente com meus filhos e minha filha, meus netos e netas, minha bisneta, meus amigos e companheiros. Mas não tenho dúvida de que me puseram aqui para me impedir de conviver com minha grande família: o povo brasileiro. Isso é o que mais me angustia, pois sei que, do lado de fora, a cada dia mais e mais famílias voltam a viver nas ruas, abandonadas pelo estado que deveria protegê-las.

De onde me encontro, quero renovar a mensagem de fé no Brasil e em nosso povo. Juntos, soubemos superar momentos difíceis, graves crises econômicas, políticas e sociais. Juntos, no meu governo, vencemos a fome, o desemprego, a recessão, as enormes pressões do capital internacional e de seus representantes no País. Juntos, reduzimos a secular doença da desigualdade social que marcou a formação do Brasil: o genocídio dos indígenas, a escravidão dos negros e a exploração dos trabalhadores da cidade e do campo.

Combatemos sem tréguas as injustiças. De cabeça erguida, chegamos a ser considerados o povo mais otimista do mundo. Aprofundamos nossa democracia e por isso conquistamos protagonismo internacional, com a criação da Unasul, da Celac, dos BRICS e a nossa relação solidária com os países africanos. Nossa voz foi ouvida no G-8 e nos mais importantes fóruns mundiais.

Tenho certeza que podemos reconstruir este País e voltar a sonhar com uma grande nação. Isso é o que me anima a seguir lutando.

Não posso me conformar com o sofrimento dos mais pobres e o castigo que está se abatendo sobre a nossa classe trabalhadora, assim como não me conformo com minha situação. 

Os que me acusaram na Lava Jato sabem que mentiram, pois nunca fui dono, nunca tive a posse, nunca passei uma noite no tal apartamento do Guarujá. Os que me condenaram, Sérgio Moro e os desembargadores do TRF-4, sabem que armaram uma farsa judicial para me prender, pois demonstrei minha inocência no processo e eles não conseguiram apresentar a prova do crime de que me acusam. 

Até hoje me pergunto: onde está a prova?

Não fui tratado pelos procuradores da Lava Jato, por Moro e pelo TRF-4 como um cidadão igual aos demais. Fui tratado sempre como inimigo. 

Não cultivo ódio ou rancor, mas duvido que meus algozes possam dormir com a consciência tranquila.

Contra todas as injustiças, tenho o direito constitucional de recorrer em liberdade, mas esse direito me tem sido negado, até agora, pelo único motivo de que me chamo Luiz Inácio Lula da Silva.

Por isso me considero um preso político em meu país. 

Quando ficou claro que iriam me prender à força, sem crime nem provas, decidi ficar no Brasil e enfrentar meus algozes. Sei do meu lugar na história e sei qual é o lugar reservado aos que hoje me perseguem. Tenho certeza de que a Justiça fará prevalecer a verdade.

Nas caravanas que fiz recentemente pelo Brasil, vi a esperança nos olhos das pessoas. E também vi a angústia de quem está sofrendo com a volta da fome e do desemprego, a desnutrição, o abandono escolar, os direitos roubados aos trabalhadores, a destruição das políticas de inclusão social constitucionalmente garantidas e agora negadas na prática.

É para acabar com o sofrimento do povo que sou novamente candidato à Presidência da República.  

Assumo esta missão porque tenho uma grande responsabilidade com o Brasil e porque os brasileiros têm o direito de votar livremente num projeto de país mais solidário, mais justo e soberano, perseverando no projeto de integração latino-americana.

Sou candidato porque acredito, sinceramente, que a Justiça Eleitoral manterá a coerência com seus precedentes de jurisprudência, desde 2002, não se curvando à chantagem da exceção só para ferir meu direito e o direito dos eleitores de votar em quem melhor os representa.

Tive muitas candidaturas em minha trajetória, mas esta é diferente: é o compromisso da minha vida. Quem teve o privilégio de ver o Brasil avançar em benefício dos mais pobres, depois de séculos de exclusão e abandono, não pode se omitir na hora mais difícil para a nossa gente. 

Sei que minha candidatura representa a esperança, e vamos levá-la até as últimas consequências, porque temos ao nosso lado a força do povo. 

Temos o direito de sonhar novamente, depois do pesadelo que nos foi imposto pelo golpe de 2016. 

Mentiram para derrubar a presidenta Dilma Rousseff, legitimamente eleita.  Mentiram que o país iria melhorar se o PT saísse do governo; que haveria mais empregos e mais desenvolvimento. Mentiram para impor o programa derrotado nas urnas em 2014. Mentiram para destruir o projeto de erradicação da miséria que colocamos em curso a partir do meu governo. Mentiram para entregar as riquezas nacionais e favorecer os detentores do poder econômico e financeiro, numa escandalosa traição à vontade do povo, manifestada em 2002, 2006, 2010 e 2014, de modo claro e inequívoco. 

Está chegando a hora da verdade.

Quero ser presidente do Brasil novamente porque já provei que é possível construir um Brasil melhor para o nosso povo. Provamos que o País pode crescer, em benefício de todos, quando o governo coloca os trabalhadores e os mais pobres no centro das atenções, e não se torna escravo dos interesses dos ricos e poderosos. E provamos que somente a inclusão de milhões de pobres pode fazer a economia crescer e se recuperar. 

Governamos para o povo e não para o mercado. É o contrário do que faz o governo dos nossos adversários, a serviço dos financistas e das multinacionais, que suprimiu direitos históricos dos trabalhadores, reduziu o salário real, cortou os investimentos em saúde e educação e está destruindo programas como o Bolsa Família, o Minha Casa Minha Vida, o Pronaf, Luz Pra Todos, Prouni e Fies, entre tantas ações voltadas para a justiça social.

Sonho ser presidente do Brasil para acabar com o sofrimento de quem não tem mais dinheiro para comprar o botijão de gás, que voltou a usar a lenha para cozinhar ou, pior ainda, usam álcool e se tornam vítimas de graves acidentes e queimaduras. Este é um dos mais cruéis retrocessos provocados pela política de destruição da Petrobrás e da soberania nacional, conduzida pelos entreguistas do PSDB que apoiaram o golpe de 2016.  

A Petrobrás não foi criada para gerar ganhos para os especuladores de Wall Street, em Nova Iorque, mas para garantir a autossuficiência de petróleo no Brasil, a preços compatíveis com a economia popular. A Petrobrás tem de voltar a ser brasileira. Podem estar certos que nós vamos acabar com essa história de vender seus ativos. Ela não será mais refém das multinacionais do petróleo. Voltará a exercer papel estratégico no desenvolvimento do País, inclusive no direcionamento dos recursos do pré-sal para a educação, nosso passaporte para o futuro.

Podem estar certos também de que impediremos a privatização da Eletrobrás, do Banco do Brasil e da Caixa, o esvaziamento do BNDES e de todos os instrumentos de que o País dispõe para promover o desenvolvimento e o bem-estar social. 

Sonho ser o presidente de um País em que o julgador preste mais atenção à Constituição e menos às manchetes dos jornais. 

Em que o estado de direito seja a regra, sem medidas de exceção. 

Sonho com um país em que a democracia prevaleça sobre o arbítrio, o monopólio da mídia, o preconceito e a discriminação.

Sonho ser o presidente de um País em que todos tenham direitos e ninguém tenha privilégios. 

Um País em que todos possam fazer novamente três refeições por dia; em que as crianças possam frequentar a escola, em que todos tenham direito ao trabalho com salário digno e proteção da lei. Um país em que todo trabalhador rural volte a ter acesso à terra para produzir, com financiamento e assistência técnica. 

Um país em que as pessoas voltem a ter confiança no presente e esperança no futuro. E que por isso mesmo volte a ser respeitado internacionalmente, volte a promover a integração latino-americana e a cooperação com a África, e que exerça uma posição soberana nos diálogos internacionais sobre o comércio e o meio ambiente, pela paz e a amizade entre os povos.

Nós sabemos qual é o caminho para concretizar esses sonhos. Hoje ele passa pela realização de eleições livres e democráticas, com a participação de todas as forças políticas, sem regras de exceção para impedir apenas determinado candidato. 

Só assim teremos um governo com legitimidade para enfrentar os grandes desafios, que poderá dialogar com todos os setores da nação respaldado pelo voto popular. É a esta missão que me proponho ao aceitar a candidatura presidencial pelo Partido dos Trabalhadores.

Já mostramos que é possível fazer um governo de pacificação nacional, em que o Brasil caminhe ao encontro dos brasileiros, especialmente dos mais pobres e dos trabalhadores.

Fiz um governo em que os pobres foram incluídos no orçamento da União, com mais distribuição de renda e menos fome; com mais saúde e menos mortalidade infantil; com mais respeito e afirmação dos direitos das mulheres, dos negros e à diversidade, e com menos violência; com mais educação em todos os níveis e menos crianças fora da escola; com mais acesso às universidades e ao ensino técnico e menos jovens excluídos do futuro; com mais habitação popular e menos conflitos de ocupações nas cidades; com mais assentamentos e distribuição de terras e menos conflitos de ocupações no campo; com mais respeito às populações indígenas e quilombolas, com mais ganhos salariais e garantia dos direitos dos trabalhadores, com mais diálogo com os sindicatos, movimentos sociais e organizações empresarias e menos conflitos sociais. 

Foi um tempo de paz e prosperidade, como nunca antes tivemos na história.

Acredito, do fundo do coração, que o Brasil pode voltar a ser feliz. E pode avançar muito mais do que conquistamos juntos, quando o governo era do povo.

Para alcançar este objetivo, temos de unir as forçasdemocráticas de todo o Brasil, respeitando a autonomia dos partidos e dos movimentos, mas sempre tendo como referência um projeto de País mais solidário e mais justo, que resgate a dignidade e a esperança da nossa gente sofrida. Tenho certeza de que estaremos juntos ao final da caminhada.

Daqui onde estou, com a solidariedade e as energias que vêm de todos os cantos do Brasil e do mundo,posso assegurar que continuarei trabalhando para transformar nossos sonhos em realidade. E assim vou me preparando, com fé em Deus e muita confiança,para o dia do reencontro com o querido povo brasileiro.

E esse reencontro só não ocorrerá se a vida me faltar.

Até breve, minha gente

Viva o Brasil! Viva a Democracia! Viva o Povo Brasileiro!

Luiz Inácio Lula da Silva

Curitiba, 8 de junho de 2018"

sexta-feira, 25 de maio de 2018

Sobre a greve dos caminhoneiros

Este movimento dos caminhoneiros me lembro junho de 2013, onde um movimento aparentemente pequeno com uma pauta de luta contra o aumento de 0,20 centavos no preço da passagem, ganhou força e se tornou um movimento nacional de grande proporção.

Muitas coisas mudaram, de 2013 pra cá, em 2013 o Brasil vivia um outro momento político e econômico que nem de longe se compara com o caus que vivemos hoje.

A história está aí para contar tudo que o Brasil viveu nos últimos 5 anos:
_Reeleição da presidenta Dilma num cenário apertado com a grande maioria dos votos oriundos das pessoas com menor poder aquisitivo, em sua maioria do Norte/Nordeste.
_ Eleição de um Congresso Nacional em sua maioria comprometido com fortes grupos empresariais e financiados por estes.
_ A revolta dos derrotados nas urnas e o início de um "terceiro turno das eleições", em especial dentro do Congresso Nacional com a explicita "ordem" de Sangra a Presidenta Reeleita até Matar.
_ A revolta de parte da elite brasileira, contra a Reeleição da Presidenta Dilma, em sua maioria eleitores da parte derrotada nas urnas, que motivada pela grande mídia e financiada pela FIESP, passaram a fazer manifestações dividindo o país.
_ A farsa do Impeachment que culminou com a retirada da Presidenta Dilma Rousseff, sem ela ter cometido nenhum crime.
_ A condução ao posto máximo da nação de Michael Temer, com o único propósito de retirar direitos adquiridos pelo povo brasileiro ao longo de anos, em especial nos últimos 12 anos nos governos do PT.
_ A aprovação de medidas e leis que reduziram os gastos públicos com saúde, educação, segurança pública e tudo que diz respeito ao social, a aprovação da reforma trabalhista e a quase aprovação da reforma da previdência, que não foi aprovada este ano por ser ano eleitoral.
_ A escalada da corrupção no governo Temer, onde malas e malas de dinheiro circulavam em mãos e apartamentos de membros do alto escalão do governo.
_ Duas denuncia de corrupção contra o presidente Temer, que foram votadas na Câmara Federal e não aceitas a custo de acordos que envolveram milhões de reais.
_ A escalada do desemprego e a volta da miséria de parte da população brasileira.
_ A farsa da condenação e prisão do Ex Presidente Lula, com a única finalidade de impedir o Ex Presidente de participar e ser eleito outra vez Presente do Brasil.

Ainda sobre o movimento de 2013, se diziam ser um movimento sem partido e a pauta dos 0,20 centavos passou a ser um pauta diversificada, contra tudo e contra todos.

Hoje ao relembrar o movimento de 2013 em comparação com o movimento dos caminhoneiros vejo algumas semelhanças.
O movimento dos caminhoneiros começou com uma pauta específica e aos poucos vem diversificando a pauta.
Parte do movimento pede a intervenção militar.
O movimento vem ganhando força em todo Brasil.
Não há uma liderança definida.

A verdade é que o Brasil vive um caus, não por culpa dos caminhoneiros, mas tão somente e exclusivamente da incompetência desde governo em gerenciar crises.
Um governo que não tem compromisso com povo brasileiro, este governo ilegítimo que aí está só tem compromisso com o capital internacional, com os lucros dos investidores. A prova disso é a política de aumento de preços dos combustíveis para satisfazer a ganância de investidores da Petrobrás. Causando o caus que aí está, onde a maior vítimas é a população brasileira.

Manoel Domingos
Líder Comunitário, Metalúrgico e Estudante de Direito.

sexta-feira, 11 de maio de 2018

TEM ALGUM CAPITALISTA AÍ?


Para compreendermos o que é Capitalismo ou quem são os verdadeiros capitalistas, precisamos primeiramente entender o que é um bem capital para desta maneira entendermos se a maioria de nós que se diz capitalista o é de fato e de verdade.

Capital é o bem que em uma  economia viabilliza, media e potencializa a produção. Por exemplo, se eu sou um construtor o meu bem capital se constitui de um martelo, de uma colher de pedreiro, de uma pá e etc. Se você é um um professor o teu bem capital é a tua caneta piloto, o teu apagador, os teu diários e etc. E se nós somos comerciantes ou industriais o nosso bem capital é o balcão da nossa loja, os computadores da nossa empresa, as esteiras da nossa fábrica e etc.

Em praticamente toda a trajetória humana sobre a terra sempre existiram bens capitais. Afinal de contas os homens desde a pré_história sempre necessitaram de anzóis para possibilitar a pesca, sempre precisaram de flechas e lanças para mediar a caça e sempre necessitaram de arados para viabilizar a agricultura. Mas por que a presença de todos esses bens capitais não engendrou o nascimento histórico do indivíduo capitalista?

A resposta à pergunta acima está na ênfase que era dada ao capital até meados do fim da Idade Média e principalmente até meados da aurora da Revolução Industrial. Pois as possibilidades da produção até esses tempos eram muito mais voltadas para a confecção artesanal de todos os bens. Mas o fato de Leonardo da Vinci ter projetado o arquétipo do primeiro helicóptero, o fato de Gutemberg ter inventado a primeira impressora e o fato de René Descartes ter falado do corpo do homem como"a máquina humana" já demonstrava sinais do surgimento de uma nova maneira das pessoas se relacionarem com a produção, através da Mecânica. O Mecanicismo por sua vez realizou um gradativo e produtivo diálogo com as Ciências Experimentais pós galileana que unidas vão criar fenômenos industriais como a máquina a vapor, descoberta que foi definitiva no aparecimento de uma nova sociedade, a sociedade industrial promovida pela industrialização da vida e das condições humanas. São nessas relações que surge o indivíduo capitalista acumulando bens capitais que por serem de investimento muito mais que os investimentos das oficinas artesanais, vão se concentrar nas mãos de grupos minoritário de investidores economicamente mais habilitados, os verdadeiros capitalistas.

Hoje em dia e por falta de maiores esclarecimentos, é muito comum que algumas muitas pessoas se declarem capitalistas também. Mas quando esse termo surgiu nos idos do século XIX o mesmo se referia unicamente aos detentores dos meios de produção na aurora da formação da sociedade industrial. Ou seja, aos que detinham suficiente quantidade e suficiente qualidade de bens capitais para com isso não ter que viver direta e unicamente do trabalho como é o caso do trabalhador comum que por não ser proprietário de bens capitais dispõe apenas de um bem, o seu corpo como moeda de troca perante o potencial do capital. Neste caso, qual é a possibilidade da maioria de nós que acordamos as vezes as seis, as vezes as cinco e as vezes até as quatro horas da madrugada para trabalhar de sermos capitalistas sem sermos proprietários dos mais relevantes bens capitais?

Evidentemente que vivemos em uma sociedade capitalista. Mas leia_se, vivemos em uma sociedade de moral e de ética predominantemente capitalista. Mas é muito importante salientar que os capitalistas não somos nós que trabalhamos simplesmente. Pois é o nosso corpo que predomina nas relações trabalhistas que temos, e não o capital.

Talvez a instituição onde trabalhamos seja de propriedade de autênticos capitalistas. Isso se os mesmos não necessitarem diretamente do emprego de força física no empreendimento, alienando capital e trabalho. Pois não confundamos capitalista com empreendedor simplesmente e não confundamos capitalista com autônomo. Pois todo capitalista é um empreendedor, mas nem todoo empreendedor é um capitalista.

Ser um militante consciente ou inconsciente da moral e da ética capitalista é uma coisa, ser um legítimo participante da elite capitalista é outra coisa. Pois essa ética que está na base do tripé da sociedade industrial se regula através do trabalho, da produção e do consumo. Todos em comum acordo em busca da meritocracia da produção e o seu paraíso edênico, o lucro e o consumo. E finalmente essa sociedade industrial realizará a ação justificadora que faz da mesma uma sociedade capitalista,  pois o excedente da produção será investido majoritariamente na saúde do capital para que o mesmo permaneça na vanguarda do modelo econômico.

A grande diferença é que na aurora da sociedade industrial, tanto capitalistas como trabalhadores sabiam muito bem que lugar eles ocupavam na pirâmide social. Pois os capitalistas militavam explicitamente em favor de maiores e sempre maiores investimentos no capital, ao passo que os trabalhadores procuravam se mobilizar pela conquista de direitos civis, políticos e sociais. Mas como a princípio a luta dos trabalhadores estava muito relacionada a movimentos da esquerda comunista, fenômenos como a queda do Muro de Berlim, a abertura do mercado chinês e a Perestroika e a glassnot russa evidenciaram a vitória do bloco capitalista pós guerra fria. Com isso os trabalhadores se viram gradativamente sem uma referência intelectual para embasar as suas demandas, gerando uma verdadeira esquizofrenia sociológica. Pois principalmente em países periféricos afetados pelo neoliberalismo como é o caso do Brasil, o Capitalismo conseguiu uma proeza que foi simplesmente um xeque mate histórico, conseguir convencer a maioria esmagadora dos trabalhadores de que eles são uma espécie muito exótica de capitalistas sem capital. E nós acreditamos.

Hoje no Brasil e talvez quase no mundo inteiro percebemos os efeitos nefastos dessa falta de identificação dos trabalhadores com as suas causas. Por exemplo, hoje a união de grupos de trabalhadores por conquistas e manutenção de direitos sociais tem sido equivocadamente confundida com exteriótipos do Comunismo Soviético e cubano, como se ser de esquerda fosse um crime político contra a suposta direita capitalista. Antigamente grupos de trabalhadores questionavam estruturas de poder que eram hostis à conquista de direitos do operariado. Mas hoje percebemos que enquanto um direitoloides qualquer chama alguém de seu comunista! e um esquerdopata por aí o ofende chamando_o de seu coxinha! ambos se esquecem que nem o esquerdopata é um comunista e nem o direitoloides é capitalista Mas ambos são uma coisa só na sua maioria esmagadora, trabalhadores sem causa as vezes brigando entre si.

Precisamos voltar a discutir o papel da nossa luta em plena revolução digital do capitalismo no século XXl. Sobretudo em um país elitista como é o nosso onde um indivíduo compra um apartamento para ser pago em vinte anos e se julga capitalista. Sobretudo em um país elitista como é o nosso onde um indivíduo empreende quase uma batalha diária para pagar a prestação do seu automóvel do ano com os maiores juros do mundo e se julga capitalista. Sobretudo em um país elitista como é o nosso onde o indivíduo se desgasta anualmente para pagar a prestação e os juros do cartão das suas viagens internacionais e se julga a elite capitalista. Mas de fato e de verdade, tem algum capitalista aí?

Eldon de A Rosamasson